domingo, 2 de maio de 2010

DANÇA CLÁSSICA - ALGUMAS ESCOLAS


"As bases da dança clássica são universais". Em seu artigo "Considerações sobre o ensino do ballet clássico", Eliana Caminada chama atenção para esse fato e sublinha que a preservação da terminologia francesa no ballet impediu que as pequenas diferenças pontuais em determinados enfoques ou designações de escolas diferentes, destruíssem a universalidade do seu ensino.

Escola italiana: A Itália continuou produzindo grandes maestros de dança, originando a escola italiana de ballet. Seus principais representantes foram Carlo Blasis e Enrico Cecchettir; exerceu grande influência nas outras escolas.
Carlo Blasis foi aluno do coreógrafo Jean Dauberval, e estreou em Marselha aos 12 anos. Dançou em vários países da Europa e publicou seu primeiro tratado de dança em 1820, onde estavam incluídos todos os preceitos de um método de ensino moderno. Refere-se ao porte, à harmonia, à coordenação dos braços, ao paralelismo dos exercícios, ao aspecto perpendicular e vertical, ao equilíbrio, sugere o ligeiro abandono para arabesques e poses, refere-se à expressão do rosto, que deve manter a vivacidade, ao pliê, às piruetas, ao adágio e ao allegro.
Blasis faz também uma classificação do bailarinos em estilos, que vai do trágico, ao nobre , ao majestoso, entre muitos outros, definindo tipos talhados para danças características. Definiu atitudes, propôs modificação nas regras acadêmicas, na estética, introduziu a barra como auxiliar nos exercícios didáticos e teorizou também sobre as sapatilhas de ponta. Foi considerado o principal pedagogo do romantismo.
Enrico Cecchetti é um dos maiores mestres italianos de todos os tempos. Foi herdeiro das teorias didático-pedagógicas de Carlo Blasis. Seus ensinamentos foram incorporados aos métodos de ensino atuais. O seu método ficou conhecido como escola italiana, e utiliza força e virtuosidade em passos difíceis.

Escola francesa: Os nomes mais importantes da escola francesa foram Pierre Rameau e Jean-Georges Naverre.
Pierre Rameau escreveu em 1725, um livro entitulado “Le maitre a dancer”, onde reafirmou a importância da posição dehors dos pés, e das cinco posições fundamentais da dança acadêmica. Essa obra teve grande importância, fixando normas da dança acadêmica em bases sólidas.
Naverre teve importância fundamental na concepção de espetáculo. Em 1760 publicou: “Lettres sur la dance et sur le ballet”.
Deu grande importância à técnica e insistiu na obrigação de treinamento intenso aos bailarinos. Prescreveu regras para a utilização de dehors e exercícios específicos, sendo-lhe atribuídos ainda a invenção de “Tours de jambes en dehors”, “ en dedans” e dos “ports de bras”.

Escola dinamarquesa: Sofreu influências da Itália e também do requinte da escola francesa. Vicenzo Galeotti foi bailarino e coreógrafo, aluno de Naverre e de Gasparo Angiolini. Estabeleceu-se em Copenhague em 1775 e fundou o ballet na Dinamarca, inspirado na linha progressiva da coreografia italiana. Foram seus seguidores, Antoine e Auguste Bournonville. Possuíam forte influência francesa e italiana. August Bournonville imprimiu sua personalidade, enriquecendo a escola dinamarquesa pelo perfeccionismo, refinamento e virtuosismo. Valorizou tecnicamente e expressivamente a dança masculina. E seu estilo foi preservado intacto até hoje, por sua tradição didática e interpretativa.

Escola russa: Preservou o requinte francês, o virtuosismo italiano, incorporando elementos oriundos do folclore russo. Agripina Vaganova percebeu a importância de um programa de ensino e escreveu o livro “Princípios básicos do ballet clássico”, onde dividiu o ensino em diferentes níveis, conferindo a cada um deles, um programa específico. Deu ênfase à busca da estabilidade como um dos elementos estruturais da dança clássica. Sistematizou o ensino do adágio e do allegro, e valorizou o épaulement.

Escola Americana: Seguiu a tradição clássica do ballet e foi desenvolvida por Georges Balanchine. Contrastou com a concepção de Vaganova, ao acentuar a velocidade na execução dos movimentos e usou suas aulas para introduzir trechos dos ballets que integram o repertório de sua companhia.
A grande contribuição da escola inglesa foi a criação coreográfica e a da escola cubana foi a excelência dos bailarinos que produziram com pouco tempo de tradição no ballet, entre os quais Alicia Alonso, figura principal do American Ballet Teatre.

Texto escrito por: Tatiana R.


Referências Bibliográficas

CAMINADA, E. Considerações Sobre o Ensino do Ballet Clássico. 2008

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